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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Necessidades

O que estamos vivendo hoje é o produto de nossas escolhas, decisões e, portanto, é responsabilidade só nossa. Quando aceitarmos essa afirmação, teremos condições de discernir os limites de nossas necessidades e a dos outros.
Hammed

Aprendemos com Allan Kardec em O livro dos espíritos que existem três elementos na criação: Deus, o princípio inteligente e o princípio material. Aprendemos ainda que Deus é a potência criadora, de onde tudo teve origem e sobre o qual não conseguimos ter uma visão absoluta, embora saibamos tratar-se de potência soberanamente boa e justa que ordena toda a criação destinando-a a um estado de plenitude.

O princípio inteligente, a origem de todos os Espíritos, é a parte inteligente da criação. Está submetido à lei divina e destinado à plenitude. É dotado da liberdade de escolha, ou livre-arbítrio, característica que lhe possibilita atingir a felicidade segundo seus próprios esforços.

André Luiz no livro Evolução em dois mundos propõe que a co-criação na obra de Deus é função dos espíritos e que esta é possibilitada por nossas capacidades de discernimento, de sensibilidade e de razão; ou seja, vivermos integrados ao universo, manifestar-mo-nos através do coletivo, criarmos o belo, amar-mo-nos são funções importantes para todos nós, espíritos imortais.

Segundo a doutrina espírita, todos os espíritos são criados e recebem um papel a ser desempenhado no universo, o dever moral; e devem, para cumpri-lo de forma adequada, conscientizar-se sobre sua origem, seu destino e sobre o funcionamento da lei divina ou natural. A esta jornada de conscientização podemos dar o nome de progresso ou evolução.

O terceiro e último elemento, o princípio material, também subordinado à lei natural, trata-se de elemento inerte através do qual o princípio inteligente se manifesta. É a matéria-prima do campo de ação em que realizamos nossos aprendizados dando corpo a nossos pensamentos, sentimentos e ações. Compõe o meio de relação que oferece as condições adequadas para cada uma das manifestações espirituais; podendo ser visto então como uma ferramenta para o princípio inteligente cumprir sua destinação.

No início a relação entre o princípio inteligente e o princípio material é muito restritiva tornando-se cada vez mais ampla à medida que o espírito progride e o entendimento espiritual se amplia.

Atuamos nas camadas mais densas da matéria através das quais conseguimos perceber as regras de funcionamento do universo e desenvolvemos nossas capacidades morais apreendendo a regra universal de união fraterna, a lei de amor, que reúne a tudo e todos.

Conforme nos capacitamos como engenheiros divinos, ampliamos nossa condição de transformar a matéria e passamos a agir em graus cada vez mais sutis, sendo capazes de atingir espaços cada vez maiores e interferirmos conscientemente no universo criando campos através dos quais companheiros menos desenvolvidos podem realizar suas jornadas de progresso.

Desta forma o espiritismo propõe que a relação direta com a matéria densa é uma fase transitória a que todos os espíritos estão sujeitos como estágio obrigatório de aprendizado; devendo ser superada à medida que aprendemos sobre a lei natural e nos conscientizamos de nossa potencialidade espiritual.

Outra consequência contundente que a doutrina espírita nos propõe é a necessidade de nos movermos de forma solidária na vida, buscando criar e manter campos de ação que possibilitem o bem-estar e o aprendizado do amor para todos os envolvidos.

Atender às necessidades corporais torna-se então um desafio transitório, conseqüência de estarmos nos relacionando em campo de matéria densa e de precisarmos mobilizar recursos para nos mantermos encarnados em resposta ao instinto de conservação. É preciso, entretanto, questionar a cerca dos aprendizados espirituais propostos através da vida de relação no mundo material, uma vez que o objetivo principal da vida é a moralização do espírito.

O universo responde a nossos sentimentos, pensamentos e ações de forma a nos conduzir a estágios de maior consciência moral e à medida que não optamos pelos caminhos propostos pelo criador, retardamos a nossa caminhada aumentando o grau de sofrimento moral, conforme proposto por Léon Denis em O grande enigma.

Desta forma, através da citação estudada, Hammed nos alerta sobre o mecanismo pedagógico da lei divina que nos responde à medida de nossas ações para nos conduzir à conscientização e nos convida a revermos nossos modelos de atuação em sociedade.

Buscar o atendimento de nossas necessidades reais e evitar os excessos materiais configura-se como exercício de descoberta de nós mesmos e do outro sendo, assim, uma forma de caridade. Conforme deixamos espaço para que o outro também possa realizar seus exercícios de aprendizado através do atendimento de suas necessidades, descobrimos as lei de solidariedade que liga a todos nós e nos destina à plenitude espiritual.

Referências
  • Kardec, Allan; O evangelho segundo o espiritismo.
  • Kardec, Allan; O livro dos espíritos.
  • Denis, Léon; O grande enigma.
  • Xavier, Francisco Cândido; Evolução em dois mundos.


Este artigo faz parte do projeto Reflexão Diária que iniciou-se em 05/01/2011 a partir de um presente que ganhei em 2010, uma caixinha cheia de citações (veja o artigo "O importante não é a etiqueta" para mais detalhes)
Você poderá acompanhar todas as citações e reflexões publicadas no WebEspiritismo usando o Marcador “Reflexão diária”. A lista de Marcadores usados está disponível na coluna lateral do blog sob o título “Marcadores”

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Tua escolha

Teu destino está constantemente sob teu controle. Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes.
Hammed

A doutrina espírita nos oferece entendimento libertador ao anunciar que nossas vidas são regidas por nós mesmos. Temos a liberdade de escolha, o livre arbítrio, para direcionarmos nossas ações, sentimentos e pensamentos no ritmo que desejarmos.

Importante pontuar ainda que todos nós, segundo os espíritos em O livro dos espíritos, seguimos rumo ao mesmo destino; o de atingirmos um estado de consciência amplo a cerca de nossa realidade espiritual assumindo, desta forma, o papel de co-criadores na obra divina. Constantemente nos referimos a este destino como sendo o estado de felicidade a que todos nós, espíritos imortais, aspiramos.

Assim, somos conduzidos através das conseqüências de nossas ações a optarmos conscientemente pelo bem, pela integração à força criadora que rege nossa existência. Temos liberdade para definirmos a forma como agimos e organizamos à nossa volta o ambiente adequado para percebermos se fizemos as opções corretas ou não. A vida nos responde apresentando situações de gozo ou de dor para nortearmos nossas escolhas.

De acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo, chegará o momento de nosso processo de aprendizado a cerca das leis de Deus em que não teremos mais dificuldades em escolher, mas, por hora, ainda nos encontramos nos dilemas do certo e do errado, da felicidade e da dor, da noite e do dia, da riqueza e da pobreza, da saúde e da doença.

Quando Hammed nos lembra do controle que temos sob nossas vidas e nos apresenta o ambiente que nos rodeia como uma conseqüência da nossa vontade, está, na verdade, nos recordando sobre a necessidade de melhor administrarmos a matriz criadora que se encontra em nossas mãos para produzirmos condições de maior felicidade para nós mesmos.

A partir dos pensamentos que nutrimos e da vontade que aplicamos no dia-a-dia, somos capazes de moldar nossas realidades e, consequentemente, de vivermos de forma mais ou menos feliz.

Compreender conscientemente as premissas da ética, pensar e agir de acordo com o pensamento universal, buscando sempre o melhor para o espírito, transformar os sentimentos de orgulho e egoísmo em impulsos de trabalho pela coletividade e por nós mesmos é o caminho apontado pelos espíritos para construirmos uma sociedade mais equilibrada em que os que nela se encontram não sofram.

A sociedade é uma conseqüência direta de nossos atos e estes são definidos a partir dos valores espirituais que construímos ao longo de várias existências.

Termos atenção quanto ao que sentimos e pensamos é um caminho seguro para transformarmos valores e construirmos o belo a partir do ponto em que nos encontramos.

Que possamos assumir de forma cada vez mais consciente e eficiente o papel a que estamos destinados de construtores e mantenedores das belezas que compõe o universo.

Empreguemos nossos pensamentos na construção de riquezas espirituais que se manifestarão através da matéria em ambientes harmonizados e equilibrados. Campos seguros para a constante jornada de aprendizado coletivo a que estamos sujeitos.

Referências
  • Kardec, Allan; O evangelho segundo o espiritismo.
  • Kardec, Allan; O livro dos espíritos.
  • Xavier, Francisco Cândido; A caminho da Luz.
  • Xavier, Francisco Cândido; Evolução em dois mundos.
  • Denis, Léon; O progresso.
  • Aguarod, Angel; Grandes e pequenos problemas.


Este artigo faz parte do projeto Reflexão Diária que iniciou-se em 05/01/2011 a partir de um presente que ganhei em 2010, uma caixinha cheia de citações (veja o artigo "O importante não é a etiqueta" para mais detalhes)

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dor e aprendizado

Não é a intensidade da dor que educa, e sim o esforço de aprender a amenizá-la.
Ermance Dufaux

A doutrina espírita, codificada por Allan Kardec, nos propõe que somos espíritos imortais, criados por um deus bom e justo, e que estamos destinados a um cenário de felicidade que só será atingido através de nossos próprios esforços de aprendizado a cerca de nós mesmos, de nossa origem e destinação.
 
Jesus Cristo nos propôs algo semelhante quando nos fala sobre a esperança na vida futura e sobre a necessidade de cultivarmos, desde já, a capacidade de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos através de nossas ações, pensamentos e sentimentos.
 
Léon Denis nos propõe de forma direta em suas obras, em especial em O grande Enigma, que todos nós, espíritos encarnados e desencarnados, estamos inseridos em um plano de promoção espiritual através do qual nos desenvolvemos, nos descobrimos e, consequentemente, nos tornamos felizes.
 
Emmanuel propõe que nos encontramos em um processo de auto-educação através das encarnações em que estamos construindo, a partir da inteligência, a idéia de humanidade para, em seguida, desenvolvermos a idéia de angelitude.
 
André Luiz, em suas narrativas de além-túmulo nos propõe uma reflexão sobre os efeitos de nossos sentimentos, pensamentos e ações e convida-nos a mudanças de atitudes a fim de ampliarmos nossa visão espiritual e, consequentemente, ampliarmos nosso estado de felicidade.
 
O próprio Allan Kardec nos propõe um caminho de auto-aperfeiçoamento quando nos diz que o caracter distintivo para reconhecermos o verdadeiro espírita é o esforço que o indivíduo realiza para tornar-se um sujeito melhor.
 
A doutrina espírita nos convida e pensarmos nossas posições no mundo sob a ótica daquele que está estudando para atingir uma posição de maior equilíbrio na vida e, consequentemente, de maior felicidade.  

Torna-se então vital para todos os que abraçaram o modelo de pensamento espírita considerar que somos seres que ainda ignoram diversos fatos e que, desta forma, muito esforço ainda será necessário de nossa parte para que sejamos capazes de vivenciar a tão desejada felicidade.

Outra conseqüência direta deste raciocínio é o fato de que, por não sabermos o suficiente sobre nós mesmos e de não estarmos plenamente conscientes das leis naturais que regem nossas vidas, perceberemos constantemente aguilhões que nos impulsionam à reflexão, à meditação e às escolhas alinhadas com os propósitos do bem. A estes aguilhões podemos dar o nome de dor, instrumentos educativos que indicam escolhas equivocadas e sentimentos inadequados que necessitam de revisão por nossa parte.

Ermance Dufaux resgata esta idéia quando nos propõe a dor como instrumento pedagógico. Lembra-nos que a dor é uma conseqüência natural de nosso desconhecimento, de nossa imperfeição, que se manifesta através de nossos sentimentos, pensamentos e ações e que requer revisão urgente.

Desta forma, a dor não se trata de um mecanismo de punição, mas de sinalização para algo que requer a nossa atenção. Naturalmente, a sinalização não necessitará ser muito intensa, desde que estejamos atentos e busquemos rapidamente o aprendizado necessário.

À medida que acolhemos as dores que nos atingem, buscamos identificar suas causas e agimos na modificação dos padrões de sentimentos, pensamentos e ações que nos causaram a necessidade de sinalização, a dor deixa de ser necessária e desaparece.

Desta forma, Ermance Dufaux nos propõe uma atitude de sabedoria quando nos fala da dor e da atitude de transformação. Podemos evitar dores intensas, desde que rapidamente nos empenhemos em diagnosticar as causas e atuemos na eliminação dos padrões inadequados.

Referências
  • Kardec, Allan; O evangelho segundo o espiritismo.
  • Kardec, Allan; O livro dos espíritos.
  • Kardec, Allan; O céu e o inferno.
  • Denis, Léon; O progresso.
  • Denis, Léon; O grande enigma.
  • Xavier, Francisco Cândido; Nosso Lar.
  • Xavier, Francisco Cândido; Fonte Viva.

Licença Creative Commons
Dor e aprendizado de C. Guilherme Fraenkel é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil.
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