Estava revendo algumas reflexões antigas e achei esta, organizada em função de um estudo realizado na Casa Espírita Cristã Maria de Nazaré no dia 15/05/2003, achei que seria interessante compartilhá-la com todos
Considerações sobre o necessário e o supérfluo
Vamos buscar o entendimento de nosso estudo a partir do título
"Sobras". Aquilo que nos sobra, segundo o dicionário
Aurélio, é tudo aquilo que temos em demasia, em excesso,
é tudo aquilo que nos é supérfluo.
Se formos questionados sobre o que nos sobra, num primeiro impulso teremos
a tendência de responder que nada nos sobra, pelo contrário,
sempre falta alguma coisa. Quando somos levados a refletir um pouco mais,
começamos a perceber pequenas coisas que estão à
nossa volta e que, realmente não nos farão falta.
O que nos importa considerar é que aquilo que está sobrando
em algum lugar está faltando em outro, uma vez que a sabedoria
de Deus não permitiria a criação de algo que não
tivesse utilidade. Cabe a nós gerirmos aquilo que temos de forma
a não irmos de encontro às leis de Deus.
Considerando-se a necessidade de gestão daquilo que possuímos
para evitar o desperdício, ficamos a nos perguntar o que realmente
nos é necessário.
Olhamos para o passado da humanidade e percebemos que os Homens viviam
com muito menos do que temos hoje, no extremo, o homem das cavernas praticamente
nada possuía, era um nômade, um andarílho e só
possuia aquilo que podia carregar. Desta observação vem
um impulso imediato de acharmos que tudo o que possuímos é
supérfluo. Mas não podemos esquecer que Deus é soberanamente
justo e bom, não nos daria a possibilidade de adquirirmos tantas
coisas se não tivesse um objetivo. Durante toda a caminhada como
espíritos imortais somos levadas a buscar o conforto, movimento
que prolonga nossas vidas e desperta potências adormecidas. Desta
forma, tudo aquilo de que hoje precindimos é necessário
para o nosso movimento evolutivo. A primeira conclusão extremamente
importante então é que o conceito de necessário é
relativo ao momento evolutivo em que a humanidade se encontra.
Quando buscamos então o conceito de necessário relativo
ao momento em que vivemos, somos impactados por grandes diferenças,
percebemos que existem pessoas pobres que vivem muito bem com muito pouco
e outras que não conseguem viver apaziguadas. O mesmo cenário
é encontrado entro os ricos. Percebemos então que não
existe uma relação direta entre o conceito de necessário
e a classe social onde se encontra o indivíduo. Quando começamos
a observar nossa sociedade percebemos que as pessoas possuem conceitos
diferenciados sobre o que lhes é necessário
Atingimos desta forma um ponto crítico, não é possível
estabelecer um conceito geral sobre o que é necessário e
o que é supérfluo. Cada indivíduo deve considerar
o seu próprio momento evolutivo para definir o que lhe é
necessário e deixar para que os outros se preocupem com o que lhes
é supérfluo.
Nesta linha, precisamos observar como empregamos o que possuímos.
Se percebemos que estamos nos prejudicando com aquela forma de gerência
ou estamos prejudicando aqueles que estão à nossa volta,
então não estamos aplicando bem o que possuímos,
temos mais do que precisamos e não estamos aplicando de forma correta.
Outra reflexão muito importante é que este raciocínio,
ao contrário do que imaginamos, deve ser empregado em todos os
aspectos de nossas vidas. Se nos acostumamos a assistir programas de televisão
que possuem uma influência negativa em nosso estado vibratório,
estamos empregando mau o nosso tempo e a energia elétrica consumida.
Se não zelamos pelo bem estar de nosso lar, desrespeitando os
parentes e os serviçais, estamos desperdiçando tempo e o
momento evolutivo numa oportunidade única de convívio para
o refazimento de laços de amor e amizade.
Devemos assim perceber quais são os bens que possuímos,
tempo, dinheiro, amor, atenção, conhecimento, etc, e observarmos
se estamos fazendo bom uso.
Adquirimos supérfluos mas que, a nosso ver, não prejudicam
a ninguém (de alguma forma prejudicam, a sobra de comida que jogamos
fora, a comida que estraga na geladeira, o tecido que estragamos porque
não cortamos direito). Adquirimos supérfluos e temos a conciência que prejudicamos
pessoas para adquirí-lo.
Deveríamos usar o que nos sobra para praticar caridade material,
sem nos esquecermos do conceito amplo da caridade, que é libertador
Aprofundando a reflexão
- Evangelho Segundo o Espiritismo > Capítulo XV (Fora da caridade não há salvação)
- O Livro dos Espíritos > Questões 715/717
- Religião dos Espíritos > Sobras